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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Precisamos conversar

Por Romário Becker Alcântara1

            Não sou psicólogo, mas essa foi uma das áreas que me atraiu antes de escolher o que iria começar a cursar quando entrei na faculdade. Atualmente, um dos componentes curriculares que curso é uma cadeira de “Psicologia” na graduação em Direito – matéria obrigatória que está superando minhas expectativas. Ok, e aonde quero chegar com isso? Quero chegar a aqui mesmo: no divã, móvel cujo ano de 2015 “mal começou mas já considera PAKAS” estar ali, declinado feito um imbecil que quis vir com tudo e encontrou uma parede de vidro aonde se estatelou – psiquicamente.

            Estamos já na segunda metade da segunda década do século XXI. Parece óbvio. Para alguns, ainda é. Porém estamos tão atrelados a um quotidiano online e off-line que não nos damos conta direito do passar dos anos. Passa ano, vem ano, e criamos uma cambada de resoluções (inúteis), desejamos felicidade pelo ‘novo’ movimento de translação solar do Planeta Terra, que mais uma vez se (re)completa e (re)inicia. O Reveillon foi mês passado? Foi. Entretanto, há entendimentos que se demora a compreender, já que em boa parte das situações somos movidos tanto pelo calor do momento quanto por hábitos e costumes discutíveis.

            Damo-nos conta, talvez, nesta vez – em particular –, de nosso esquisito jeito porque 2015, no Brasil, é um ano que já não se espera “vingar muito”, como nos anos anteriores se expectava. Na terrae brasilis, aonde bancar fingimento é – veja só! – “norma cogente”, lidar com uma triste realidade escancarada à porta de casa é de partir o coração em pedaços – já que o Fisco não poupa ninguém.

            “Não vingaria muito... Como assim, Romário?”, ora pois, veja: você espera mesmo que a política vá mudar algo à próxima legislatura? Elegeu-se ano passado a bancada mais ‘câncervadora’ desde 1964. Considerando as ‘(des)aventuras’ propostas pela New Left brasileira, hei de concordar que ‘dos males, o menos pior’ – aqueles, porque estes eu me nego a dar o braço a torcer.
            Você espera melhorar de vida? Não antes de pagar os mais novos tributinhos que o Governo Federal preparou para você! “Presente de grego” é um tag que até representa isso, contudo não define com profundidade o rancor de dar um passo a frente e ter que voltar dois. E do futebol? Do samba? Dos demais esportes, músicas, e entre outras novidades? Tudo virou um repeteco infindável. Ser nostálgico virou modinha. Uma modinha com adeptos tácitos: já que nada se cria, vamos copiar. ‘Vai que cola!’, eles disseram...

            O “país do futuro” ficou... bem, para depois mesmo. Ah, o ‘longo prazo’, sim... Jargão preferido pelos economistas mainstream (mas pode chamar de “palpiteiro econômico profissional”, dá no mesmo), pelos políticos adeptos da reeleição (isto é, todos) e pelos pais que não suportam levar as crianças no supermercado, enquanto não se dão a paciência de ensinar a cria a saber o que escolher (pais impacientes, crianças mimadas, futuro da nação em risco – certeza!).

            Quiçá um dia tudo se ajeite... “A longo prazo, estaremos...” todos mortos? De vergonha, talvez. De arrependimento é bem capaz sim. Alguns estarão carcomidos – felizes eles que não verão a desgraça alheia... perecer? Possivelmente. É neste tom cadavérico que os fatos vêm se desenrolando.
            Ninguém consegue conversar sério com um brasileiro. Você vai a algum outro país, o pessoal já te recebe de sorriso – debochado, porque rir da desgraça alheia pode SIM. Aliás, se nós não conseguimos conversar a sério, de igual pra igual, com outras gentes d’outras regiões brasileiras, quem dirá com os de fora do país? Se bem que é típico de cá ‘dar o passo maior que a perna’ – só pra querer passar a perna no outro.

            Ademais, por assim, rolamos para frente nossas desgraças. Pobre dos filhos, que tudo isso herdarão – dívidas (impagáveis), uma cultura fresca (não de ser nova, no entanto por não conseguir se renovar com raízes fundas, só ‘aéreas’) e um Norte – marcado erroneamente por uma ‘bússola desregulada’. Perspectivas? Ser otimista agora soa ofensivo – pelo menos, até o próximo “messias político” aparecer. Como este povo ama heróis... E de ser, ao fim disso tudo, iludido por eles.

            Por fim, creio que 2015 traz um recado claro. Recado este que não víamos há mais de década: o quão longe você pode suportar e aturar a pobreza de espírito disseminada após avistar, sem filtros (nem ‘retricas’) uma realidade dilacerante? E que seja confessado: é ótimo haver anos ruins – e este será péssimo para o estado geral das coisas e das pessoas. Bem provável que a mim não, uma solilóquia ‘formiguinha’ – o mesmo não posso dizer às ‘cigarras’. Como eu dissera antes: o “longo prazo”, chegou. Em tempo: sempre chega. É inexorável. Inclusive, chegou com oficial de justiça e tudo, intimando-te a comparecimento em juízo para julgar o pouco que tu sabe, o muito que tu fala, o aquém que tu planta, e a tua (frustrante) colheita.


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1.      ¹Romário B. Alcântara, além de escrever coluna sobre diversos assuntos (incluindo até moda), é cronista quando consegue expressar algo. Escreve, agora, aos sábados.

            

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