Por Romário Becker Alcântara1
Não sou psicólogo, mas essa foi uma
das áreas que me atraiu antes de escolher o que iria começar a cursar quando
entrei na faculdade. Atualmente, um dos componentes curriculares que curso é uma
cadeira de “Psicologia” na graduação em Direito – matéria obrigatória que está
superando minhas expectativas. Ok, e aonde quero chegar com isso? Quero chegar
a aqui mesmo: no divã, móvel cujo ano de 2015 “mal começou mas já considera PAKAS” estar ali, declinado feito um imbecil
que quis vir com tudo e encontrou uma parede de vidro aonde se estatelou –
psiquicamente.
Estamos já na segunda metade da
segunda década do século XXI. Parece óbvio. Para alguns, ainda é. Porém estamos
tão atrelados a um quotidiano online
e off-line que não nos damos conta
direito do passar dos anos. Passa ano, vem ano, e criamos uma cambada de
resoluções (inúteis), desejamos felicidade pelo ‘novo’ movimento de translação
solar do Planeta Terra, que mais uma vez se (re)completa e (re)inicia. O Reveillon foi mês passado? Foi.
Entretanto, há entendimentos que se demora a compreender, já que em boa parte
das situações somos movidos tanto pelo calor do momento quanto por hábitos e
costumes discutíveis.
Damo-nos conta, talvez, nesta vez –
em particular –, de nosso esquisito jeito porque 2015, no Brasil, é um ano que
já não se espera “vingar muito”, como nos anos anteriores se expectava. Na terrae brasilis, aonde bancar fingimento
é – veja só! – “norma cogente”, lidar com uma triste realidade escancarada à
porta de casa é de partir o coração em pedaços – já que o Fisco não poupa ninguém.
“Não vingaria muito... Como assim,
Romário?”, ora pois, veja: você espera mesmo que a política vá mudar algo à
próxima legislatura? Elegeu-se ano passado a bancada mais ‘câncervadora’ desde
1964. Considerando as ‘(des)aventuras’ propostas pela New Left brasileira, hei de concordar que ‘dos males, o menos pior’
– aqueles, porque estes eu me nego a dar o braço a torcer.
Você espera melhorar de vida? Não
antes de pagar os mais novos tributinhos que o Governo Federal preparou para
você! “Presente de grego” é um tag
que até representa isso, contudo não define com profundidade o rancor de dar um
passo a frente e ter que voltar dois. E do futebol? Do samba? Dos demais
esportes, músicas, e entre outras novidades? Tudo virou um repeteco infindável.
Ser nostálgico virou modinha. Uma modinha com adeptos tácitos: já que nada se
cria, vamos copiar. ‘Vai que cola!’, eles disseram...
O “país do futuro” ficou... bem,
para depois mesmo. Ah, o ‘longo prazo’, sim... Jargão preferido pelos
economistas mainstream (mas pode
chamar de “palpiteiro econômico profissional”, dá no mesmo), pelos políticos
adeptos da reeleição (isto é, todos) e pelos pais que não suportam levar as
crianças no supermercado, enquanto não se dão a paciência de ensinar a cria a
saber o que escolher (pais impacientes, crianças mimadas, futuro da nação em
risco – certeza!).
Quiçá um dia tudo se ajeite... “A
longo prazo, estaremos...” todos mortos? De vergonha, talvez. De arrependimento
é bem capaz sim. Alguns estarão carcomidos – felizes eles que não verão a
desgraça alheia... perecer? Possivelmente. É neste tom cadavérico que os fatos
vêm se desenrolando.
Ninguém consegue conversar sério com
um brasileiro. Você vai a algum outro país, o pessoal já te recebe de sorriso –
debochado, porque rir da desgraça alheia pode SIM. Aliás, se nós não
conseguimos conversar a sério, de igual pra igual, com outras gentes d’outras
regiões brasileiras, quem dirá com os de fora do país? Se bem que é típico de
cá ‘dar o passo maior que a perna’ – só pra querer passar a perna no outro.
Ademais, por assim, rolamos para
frente nossas desgraças. Pobre dos filhos, que tudo isso herdarão – dívidas
(impagáveis), uma cultura fresca (não de ser nova, no entanto por não conseguir
se renovar com raízes fundas, só ‘aéreas’) e um Norte – marcado erroneamente
por uma ‘bússola desregulada’. Perspectivas? Ser otimista agora soa ofensivo –
pelo menos, até o próximo “messias político” aparecer. Como este povo ama
heróis... E de ser, ao fim disso tudo, iludido por eles.
Por fim, creio que 2015 traz um
recado claro. Recado este que não víamos há mais de década: o quão longe você
pode suportar e aturar a pobreza de espírito disseminada após avistar, sem
filtros (nem ‘retricas’) uma realidade dilacerante? E que seja confessado: é
ótimo haver anos ruins – e este será péssimo para o estado geral das coisas e
das pessoas. Bem provável que a mim não, uma solilóquia ‘formiguinha’ – o mesmo
não posso dizer às ‘cigarras’. Como eu dissera antes: o “longo prazo”, chegou.
Em tempo: sempre chega. É inexorável. Inclusive, chegou com oficial de justiça
e tudo, intimando-te a comparecimento em juízo para julgar o pouco que tu sabe,
o muito que tu fala, o aquém que tu planta, e a tua (frustrante) colheita.
_
1. ¹Romário B. Alcântara, além de escrever coluna sobre
diversos assuntos (incluindo até moda), é cronista quando consegue expressar
algo. Escreve, agora, aos sábados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário